Em
qualquer relacionamento a ética é soberana. No entanto, na relação
médico-paciente ela é vital e única.
Os
ginecologistas em sua prática diária enfrentam um dos grandes desafios da
Medicina: cuidar da mulher durante o seu período pré e pós-reprodutivo.
A
Medicina evoluiu, mas o médico vem perdendo, e muito, o seu relacionamento com
o paciente.
Ele
não tem mais a necessária disponibilidade de tempo a uma boa anamnese (nela
incluída o "ouvir” queixas, e não somente anotá-las).
O
tempo de uma consulta ficou muito reduzido para a maioria dos médicos
brasileiros que trabalham por produtividade, atendendo pacientes de planos de
saúde e do SUS.
Sem
essa relação humana, cujo tempo da consulta é determinado pela necessidade do
paciente, não há possibilidade de que se estabeleça uma boa relação
médico-paciente, que é fundamental para um bom diagnóstico.
É
inadmissível o afastamento dos ginecologistas desse objetivo maior da sua
profissão – a ética.
A
paciente para ter seus males aliviados pelo avanço da Medicina e da
Tocoginecologia necessita que seus médicos não se afastem dos princípios
hipocráticos.
Repito,
a relação médico-paciente constitui a base fundamental no tocante à saúde da
mulher.
Sabemos
que o momento é delicado para a classe médica, que vive uma das piores crises
de identidade na história do país, cuja causa principal é a baixa remuneração e
valorização profissional.
Interessante
lembrar que em pesquisa recente de grande credibilidade científica, apenas 1%
das pacientes escolhe o seu ginecologista pelo seu currículo acadêmico,
transformado em “fama”.
Indicação
de amigas, familiares e de outro médico constituem 62% da preferência.
Já
nos convênios, esse percentual sobe para 32%, mesmo quando indicados por
amigas, familiares e médicos, a maioria dessas clientes pertence a um plano de
saúde.
As
do SUS nem direito têm de escolher o seu médico.
É
apenas um número em uma imensa fila de espera.
A
maior exigência da paciente numa consulta é o comportamento ético do médico,
hoje negado pela massificação do atendimento e sua desumanização.
Frente
a esses pequenos dados de uma pesquisa científica, podemos avaliar a qualidade
dos nossos serviços médicos no que se refere à ginecologia.
Existem
as ilhas de excelência em atendimento médico no Brasil, mas infelizmente para
poucos.
Gabriel
Novis Neves
26-10-2014
*Publicado
simultaneamente no www.bar-do-bugre.blogspot.com