A Academia de Medicina de Mato Grosso realiza todos os meses uma palestra sobre Saúde proferida por uma personalidade. Este mês o palestrante foi o Professor Eduardo Delamônica. Tivemos o privilégio de escutá-lo sobre o tema Educação Médica.
Delamônica é médico, professor da Universidade da Selva, e foi o terceiro reitor da sua história.
Homem íntegro, ético, estudioso e extremamente comprometido com os problemas sociais.
Tenho preguiça de sofrer, mas confesso que sofri muito durante a fala do meu colega, ao ouvi-lo contar a história das Escolas de Medicina do Brasil e de Mato Grosso.
Não sei trabalhar com o passado que não volta mais. As coisas boas e más são cicatrizes que não devem ser atritadas. Produzem sangramentos desnecessários.
Saindo da história, ele nos fez viajar pela longa estrada pedagógica da educação médica. A proposta do nosso professor para o Brasil formar médicos contemporâneos data de 1976 - quando implantou o ensino integrado na nossa Uniselva. Só agora, passados trinta anos, o Ministério da Educação está recomendando às escolas médicas brasileiras adotar aquele modelo.
Afinal, o que está acontecendo com a formação do médico no Brasil? Ficou claro na palestra a irresponsabilidade do Governo Federal. Nos últimos dez anos foram criados no Brasil, com autorização de Brasília, mais de setenta escolas médicas, e o pior é que, na sua maioria, sem as condições mínimas de oferecer um bom ensino.
Este mal atingiu, na visão do palestrante, o nosso conceituado curso de medicina da UFMT, que é excelente também pelo pequeno número de alunos. “- Abriram demagogicamente as porteiras da escola, dobrando o número de vagas,” brada Delamônica. “- Criminosamente, como vem acontecendo com a educação brasileira, não são fornecidos os instrumentos necessários para proteger a sua qualidade,” diz Delamônica.
E continua:- “Temos um monstro cabeçudo de pernas finas. Formaremos médicos defeituosos. Cuiabá é uma cidade de 600 mil habitantes. Aumentou de 140 para 208 o número de vagas para formar médicos. Saímos de uma greve de 70 dias na saúde por melhores condições de trabalho, quando ficou amplamente demonstrada a nossa fragilidade física hospitalar. Oferecer certificados de nível superior virou mania neste país”, conclui Delamônica.
O desinteresse das nossas autoridades por este assunto é grande, mas os ventos levarão as suas idéias a algum terreno fértil.
É o que espero.
Gabriel Novis Neves
23-11-2009
* Publicado simultaneamente no www.bar-do-bugre.blogspot.com
Delamônica é médico, professor da Universidade da Selva, e foi o terceiro reitor da sua história.
Homem íntegro, ético, estudioso e extremamente comprometido com os problemas sociais.
Tenho preguiça de sofrer, mas confesso que sofri muito durante a fala do meu colega, ao ouvi-lo contar a história das Escolas de Medicina do Brasil e de Mato Grosso.
Não sei trabalhar com o passado que não volta mais. As coisas boas e más são cicatrizes que não devem ser atritadas. Produzem sangramentos desnecessários.
Saindo da história, ele nos fez viajar pela longa estrada pedagógica da educação médica. A proposta do nosso professor para o Brasil formar médicos contemporâneos data de 1976 - quando implantou o ensino integrado na nossa Uniselva. Só agora, passados trinta anos, o Ministério da Educação está recomendando às escolas médicas brasileiras adotar aquele modelo.
Afinal, o que está acontecendo com a formação do médico no Brasil? Ficou claro na palestra a irresponsabilidade do Governo Federal. Nos últimos dez anos foram criados no Brasil, com autorização de Brasília, mais de setenta escolas médicas, e o pior é que, na sua maioria, sem as condições mínimas de oferecer um bom ensino.
Este mal atingiu, na visão do palestrante, o nosso conceituado curso de medicina da UFMT, que é excelente também pelo pequeno número de alunos. “- Abriram demagogicamente as porteiras da escola, dobrando o número de vagas,” brada Delamônica. “- Criminosamente, como vem acontecendo com a educação brasileira, não são fornecidos os instrumentos necessários para proteger a sua qualidade,” diz Delamônica.
E continua:- “Temos um monstro cabeçudo de pernas finas. Formaremos médicos defeituosos. Cuiabá é uma cidade de 600 mil habitantes. Aumentou de 140 para 208 o número de vagas para formar médicos. Saímos de uma greve de 70 dias na saúde por melhores condições de trabalho, quando ficou amplamente demonstrada a nossa fragilidade física hospitalar. Oferecer certificados de nível superior virou mania neste país”, conclui Delamônica.
O desinteresse das nossas autoridades por este assunto é grande, mas os ventos levarão as suas idéias a algum terreno fértil.
É o que espero.
Gabriel Novis Neves
23-11-2009
* Publicado simultaneamente no www.bar-do-bugre.blogspot.com
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