Justa e merecida a homenagem prestada à várzea-grandense Emília Soares pela comemoração dos seus noventa e dois anos de nascimento. Parteira, foi responsável por mais de mil partos naturais. Aprendeu o difícil ofício com sua mãe - também parteira –, acompanhando-a em suas andanças desde os doze anos de idade. Casou-se com Manuel Pinto de Arruda, tiveram treze filhos, oito dos quais nasceram pelas mãos de sua mãe. Os quatro últimos nasceram em suas próprias mãos com o auxílio do marido – na rede. O marido observava e entregava-lhe os materiais necessários: tesoura esterilizada no fogão de lenha, toalha limpa e um pedaço de fio para amarrar o cordão umbilical. Após o parto a placenta era enterrada no quintal, e o umbigo, quando caía, jogado em cima do telhado. Muita gente famosa nasceu com ela, inclusive médicos.
Li com avidez a entrevista que ela deu ao Jornal A Gazeta. Comovente! Uma heroína! E existem muitos desses heróis anônimos, observando os nossos valores atuais! Dona Emília deveria ser reconhecida pela Universidade com o título de Doutor, ou Professor Emérito, pelos serviços prestados à medicina, pelo seu exemplo de solidariedade humana, hoje tão distante da formação do médico.
A entrevista foi uma verdadeira aula sobre parto. Hoje, em clínica privada, só nascem crianças de parto normal se a gestante se internar em período expulsivo. Quase cem por cento nascem de parto operatório – cesariana. Os alunos de medicina, e muitos médicos jovens, nunca assistiram, e até confundem parto normal com parto natural. O parto normal é realizado com acompanhamento médico, durante o qual é administrado algum tipo de medicamento. Dona Emília e a sua mãe sempre realizaram o parto inventado por Deus: o parto natural feito em casa, sem o uso de qualquer medicamento.
Os modernosos são contrários ao parto natural, e condenam o parto domiciliar, mas fazem campanha e discursos a favor do “Parto Humanizado” - tão do agrado do Ministério da Saúde que, inclusive, repassa incentivos financeiros para essa prática!
Dias atrás conversei com uma colega que faz Medicina nos Estados Unidos, país dos especialistas e da melhor Medicina do mundo. Perguntei-lhe em que área atuava. “Faço obstetrícia domiciliar”, respondeu-me. A seguir quis saber sobre o perfil das suas clientes. “Gente com muito dinheiro, artistas famosas, escritoras, poetas, professoras universitárias, modelos consagrados”- esclareceu-me. “E o custo?” – indaguei. “Caro – ela respondeu -, pois é montado na casa da gestante um mini hospital, - mais para dar segurança à gestante do que pelo parto em si – um fenômeno natural como a própria Natureza.
Um exemplo recente de parto natural foi o da famosa brasileira Gisele Bündchen. E, não me venham dizer que ela parindo naturalmente em casa e amamentando é um péssimo exemplo! Também não creio que essa mulher riquíssima e famosa, que poderia fazer uma cesariana em qualquer hospital do mundo e com a melhor equipe médica, estivesse desinformada a ponto de dar um mau exemplo e correr risco de morte materno-infantil. Nessas condições o parto natural feito pela Dona Emília é o indicado.
Gosto e admiro os vencedores. Dona Emília, pela sua trajetória de vida, passa a pertencer a minha galeria de exemplos a serem seguidos. Obrigado, professora, pela aula.
Gabriel Novis Neves
11/04/2010
Li com avidez a entrevista que ela deu ao Jornal A Gazeta. Comovente! Uma heroína! E existem muitos desses heróis anônimos, observando os nossos valores atuais! Dona Emília deveria ser reconhecida pela Universidade com o título de Doutor, ou Professor Emérito, pelos serviços prestados à medicina, pelo seu exemplo de solidariedade humana, hoje tão distante da formação do médico.
A entrevista foi uma verdadeira aula sobre parto. Hoje, em clínica privada, só nascem crianças de parto normal se a gestante se internar em período expulsivo. Quase cem por cento nascem de parto operatório – cesariana. Os alunos de medicina, e muitos médicos jovens, nunca assistiram, e até confundem parto normal com parto natural. O parto normal é realizado com acompanhamento médico, durante o qual é administrado algum tipo de medicamento. Dona Emília e a sua mãe sempre realizaram o parto inventado por Deus: o parto natural feito em casa, sem o uso de qualquer medicamento.
Os modernosos são contrários ao parto natural, e condenam o parto domiciliar, mas fazem campanha e discursos a favor do “Parto Humanizado” - tão do agrado do Ministério da Saúde que, inclusive, repassa incentivos financeiros para essa prática!
Dias atrás conversei com uma colega que faz Medicina nos Estados Unidos, país dos especialistas e da melhor Medicina do mundo. Perguntei-lhe em que área atuava. “Faço obstetrícia domiciliar”, respondeu-me. A seguir quis saber sobre o perfil das suas clientes. “Gente com muito dinheiro, artistas famosas, escritoras, poetas, professoras universitárias, modelos consagrados”- esclareceu-me. “E o custo?” – indaguei. “Caro – ela respondeu -, pois é montado na casa da gestante um mini hospital, - mais para dar segurança à gestante do que pelo parto em si – um fenômeno natural como a própria Natureza.
Um exemplo recente de parto natural foi o da famosa brasileira Gisele Bündchen. E, não me venham dizer que ela parindo naturalmente em casa e amamentando é um péssimo exemplo! Também não creio que essa mulher riquíssima e famosa, que poderia fazer uma cesariana em qualquer hospital do mundo e com a melhor equipe médica, estivesse desinformada a ponto de dar um mau exemplo e correr risco de morte materno-infantil. Nessas condições o parto natural feito pela Dona Emília é o indicado.
Gosto e admiro os vencedores. Dona Emília, pela sua trajetória de vida, passa a pertencer a minha galeria de exemplos a serem seguidos. Obrigado, professora, pela aula.
Gabriel Novis Neves
11/04/2010
* Publicado simultaneamente no www.bar-do-bugre.blogspot.com
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