Os
estudiosos do ensino médico estão preocupados com o aumento das escolas médicas
privadas em nosso país.
Para
melhor compreensão basta recordar que em 2003 tínhamos 64 escolas particulares
e em 2015 esse número saltou para 154, segundo levantamento feito pelo Conselho
Federal de Medicina e publicado no Jornal Medicina de agosto de 2015.
Enquanto
isso, no mesmo período, as escolas públicas aumentaram seus estabelecimentos de
62 para 103.
Isso
comprova um crescimento desordenado e sem qualidade que compromete a qualidade
dos futuros profissionais da saúde.
Em
números totais o volume de escolas médicas também mais que dobrou. Esses dados
podem mudar nos próximos meses, pois 36 municípios já conseguiram autorização
para receber novos cursos de Medicina.
Até
fins de 2016 nossa nação contará com 293 escolas funcionando. Com um agravante:
mais 22 novos municípios solicitaram permissão para funcionar suas escolas
médicas, o que pode elevar esse número para 315.
Temos
hoje em atividade no país 257 cursos. 69% estão localizados nas regiões Sudeste
e Nordeste. 158 cidades brasileiras têm escolas médicas.
Os
Estados de São Paulo e Minas Gerais concentram um terço das instituições. As escolas particulares cobram mensalidades
que chegam até R$ 11.706,15, com média de R$ 5.406,91.
Liderando
o ranking dos Estados com maior número de escolas pagas temos São Paulo com 44,
Minas Gerais com 39 e o Rio de Janeiro com 19.
Nas
últimas posições, com uma escola cada, temos o Amapá e Roraima, sendo as duas
públicas.
Colocando
didaticamente o quadro de distribuição de escolas médicas em nosso país,
dificultando em parte a fixação do médico no interior, temos o seguinte quadro:
Região
Sudeste - 107 escolas com 10.577 vagas.
Região
Nordeste - 63 escolas com 5.553 vagas.
Região
Sul - 41 escolas com 3.449 vagas.
Região
Centro-Oeste - 24 escolas com 1.917 vagas.
Região
Norte - 22 escolas com 1.787 vagas.
Apesar
de possuirmos em funcionamento o dobro de escolas médicas que os Estados Unidos
da América do Norte, continuamos importando médicos com baixa qualificação
científica para atender inúmeros municípios sem médicos e sem estrutura física
para um atendimento básico.
Algo
terá que ser revisto para a saúde de 75% da nossa população dependente do
atendimento público (SUS) - de 200 milhões de habitantes.
Aguardemos
lucidez dos nossos governantes para corrigir essa injustiça, se é que o problema
se resuma à falta dela.
Gabriel
Novis Neves
04-11-2015
* Publicado simultaneamente
no www.bar-do-bugre.blogspot.com