Estatísticas
recentes indicam que mais de cinquenta milhões de brasileiros, para não serem
vítimas da omissão constitucional do Estado, utilizam algum plano ou seguro de
saúde para sua manutenção pessoal.
Comercializada,
a relação médico-paciente desaparece, surgindo um vínculo voltado ao lucro,
inviabilizando o exercício da medicina hipocrática, pontuada muito bem pelo
Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O
médico passa a ser chamado de “prestador de serviço” e o cliente de “usuário”.
O
antigo facultativo é remunerado pelas leis do mercado, e os contratos de
serviços prestados receberam o apelido de “pacotes” e “pacotinhos”.
Os
honorários profissionais desapareceram dos trabalhos médicos e o mercantilismo
atingiu também o ensino da medicina, onde centenas de novas escolas foram
autorizadas a funcionar a partir de 2003, sendo que 69% delas são privadas.
As
mensalidades nessas escolas privadas chegam a atingir a incrível cifra de onze
mil reais mensais, ficando na média de cinco mil e quatrocentos reais.
O
Ministério da Educação, através de normas, define critérios para um município
sediar uma escola médica, entretanto, os mesmos nem sempre são respeitados,
segundo o Conselho Federal de Medicina.
Essas
escolas, assim criadas e implantadas, confiam na cumplicidade ou incapacidade
de fiscalização do MEC que, com deficiência de técnicos e recursos financeiros,
acaba com os sonhos dos estudantes de frequentar uma qualificada casa de
ensino.
Dessa
forma, a segurança dos pacientes com bons médicos no sistema de saúde termina
frequentemente em enorme frustração.
É
oferecido à população um ensino-aprendizado de péssima qualidade, formando
profissionais com insuficiência de conhecimentos científicos para o exercício
da mais humana das profissões.
É
intolerável esta realidade, que tem como sustentação, apenas, ganhos
empresariais e ambições político-partidárias.
Temos
de tratar de obter propostas de interesse público, e apagar esse vergonhoso
quadro.
Gabriel
Novis Neves
26/10/2015
* publicado simultaneamente no www.bar-do-bugre.blogspot.com
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