Durante toda a nossa vida somos avaliados do momento que acordamos até a hora de dormimos.
Somos julgados em tudo que fazemos de uma forma implacável.
Quando escrevo uma crônica e publico, espero receber aprovação dos meus leitores, mas não é bem isso que acontece, e o pior julgamento para um escritor é o silêncio.
É difícil conhecer os fatores que decidem um julgamento.
Há dias publiquei uma crônica que tinha a certeza de aprovação dos meus leitores, mas o resultado não foi do seu agrado, nem do meu.
Certas ocasiões publico um discreto texto e seu resultado é maravilhoso para mim.
Como dizia a minha mãe diante de tal fato: “durma com isso”!
É difícil entender a alma humana, e Dom Aquino Correa, o Príncipe dos Poetas, do século passado, me disse quando fui estudar medicina, que eu seria médico do corpo, pois o da alma é o sacerdote, representante de Jesus Cristo na terra.
Entendo a definição do meu padrinho, e com o avanço das pesquisas e as descobertas de novas tecnologias com imagens radiológicas, ultrassonográficas e endoscópicas, vasculhamos o corpo humano, inclusive o cérebro e coração, dois órgãos ligados as emoções, disputando ser a casa da nossa alma.
Poetas, compositores da nossa música popular de raiz, até hoje acreditam ser o coração, a casa da alma.
Quem não se lembra de “ sempre em meu coração, perto ou longe estarás, e ao cantar esta canção, sei que jamais me esquecerás, sempre no meu coração, na alegria e na dor, lembrarei com emoção, que um dia tive o teu amor”.
Essa composição de autoria de Ernesto Lecuona e Mario Mendes, foi gravada por vários cantores famosos, sendo perpetuada na voz de Orlando Silva, o “cantor das multidões”, em 1943.
Escrevi apenas as duas primeiras estrofes da canção, que fez enorme sucesso no Brasil rural.
Trata de coisas humanas inatingíveis pela medicina atual, como alegria, dor, emoção, amor, solidão, vulto, sempre “guardadas em meu coração”.
Hoje existe uma forte corrente não de poetas, mas de neurologistas reivindicando que a verdadeira casa da alma seja o nosso cérebro que comanda o nosso corpo, do piscar das pálpebras à parada do coração.
Podem até estarem certos, mas cérebro não dá samba, maior demonstração da nossa cultura popular.
Dom Aquino Correa dizia que o sacerdote era o médico da alma, e Jesus cura as suas doenças e muitas doenças do corpo, são produzidas pelas doenças da alma, consideradas incuráveis pelos médicos do corpo.
Afinal, o que é a alma humana?
Dizem os teólogos que “a alma deve obrigar o corpo a obedecer, dirigindo-se para a virtude, deixando as paixões do corpo de lado, que apenas os seres humanos as possuem”.
Os pesquisadores dizem que “a alma é uma energia adquirida na formação do embrião e quando essa pessoa morre volta de onde veio”.
Sócrates, dizia que “a alma do homem é a sua consciência”.
Hipócrates, o Pai da Medicina, que era sociólogo, pregava que a alma humana e o corpo eram indissociáveis.
Jesus Cristo, “associou a perda da vida da alma humana ao ato voluntário de se carregar a cruz e de se auto negar, para poder seguí-lo”.
Espero que meus leitores, julguem “com consciência”, esta minha crônica, na visão de Sócrates.
Gabriel Novis Neves
04-10-2022