Cuiabá durante séculos ficou isolada do resto do mundo. A notícia da Independência do Brasil chegou por aqui depois de três meses. Vivíamos quase no mundo da lua. Hoje, apesar da internet, televisão via satélite e outras modernas tecnologias de comunicação, comportamo-nos como naqueles velhos tempos.
A maioria da população adquiriu o hábito da desinformação. É a repetição da história do “o uso do cachimbo é que faz a boca torta”.
O político, o empresário e o professor principalmente, têm que colocar a informação como prioridade em sua vida, sob o risco de cair no ridículo.
Vejamos um caso concreto que atormenta Cuiabá neste momento: o caos da saúde.
Enquanto os nossos gestores defendem com unhas e dentes a excelência do Sistema Único de Saúde (SUS) lançando mísseis para defendê-lo, e produzindo vítimas, em Brasília o Presidente do Conselho Nacional de Saúde, em palestra na Universidade Nacional de Brasília (UnB), defende uma reforma geral no SUS. Segundo ele “o SUS enfrenta problemas que vão além da má gestão.” “...Nosso maior problema não é má gestão, mas sim, falta de financiamentos, condições de trabalho e confiança nas relações públicas e privadas”.
Continuando o Presidente do Conselho Nacional de Saúde afirma que, “do que realmente precisamos depende dos senhores Deputados e Senadores, que é a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que disciplina recursos para o setor.”
Concluindo o Presidente do Conselho Nacional de Saúde nos alerta que: “estar ao lado do SUS não é defender a privatização e a terceirização da saúde. Isso não é modernização! A emergência é modernizar a nossa legislação, que sempre foi descumprida e nunca foi colocada em pauta”
Estas dificuldades, que atingem todo o SUS do Brasil produzindo uma crise generalizada, são completamente ignoradas pelas nossas autoridades locais. Como seria bom para a sociedade ouvir depoimentos sérios e sensatos! Todo o Brasil passa neste momento pelo caos na saúde, menos Cuiabá e Mato Grosso, na visão dos nossos governantes.
Aqui a falta de recursos é discutida na vara criminal, como se os médicos fossem Deputados ou Senadores. Estes, seguindo ordens superiores, estão há anos sentados em cima da Emenda Constitucional 29, que disciplina o abastecimento de recursos mínimos para a Saúde Pública a fim de que ela possa atender com dignidade a população pobre.
Aliás, durante esta crise da saúde em Mato Grosso, os nossos representantes em Brasília não abriram a boca. Na época das eleições, com toda certeza, irão encontrar a boca do povo sofredor dessa terra, fechada. Esquisito esta conduta dos nossos parlamentares né?
A resposta virá em breve, e a luta motivada pela falta de informações com o que se passa lá fora continua.
Sou médico em pleno exercício da profissão sofrendo com o sofrimento da minha gente e dos meus colegas, e tenho o desprendimento de expor as minhas idéias.
Chega de tapar o sol com a peneira, governantes de Mato Grosso! Esta conduta não é a de soldados modernos da justiça social. Ser moderno é ter compromisso social com a melhoria da qualidade de vida da população e não ameaçando pequenos servidores públicos na justiça.
O problema da saúde é tão sério que justificativas do tipo “estou cumprindo o meu dever de casa” e jogando a desgraça para os que não têm votos é uma deslealdade. Temos que encontrar uma saída para salvar a vida da população pobre!
Afinal, quem está com a razão? Os gestores do SUS ou o Presidente do Conselho Nacional de Saúde?
Os bois têm nomes! São os silenciosos de Brasília, que estão sentados na Emenda Constitucional 29 para cumprir ordens superiores.
Gabriel Novis Neves
16 de Setembro de 2009
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