Foi com satisfação que li uma entrevista de importante autoridade de saúde de Cuiabá. Relata que a corrupção na cidade está banida. O herói que roubou o trabalho do Dr. Julier descobriu, através de dados das Organizações Tabajara, a existência de médicos e enfermeiros que monitoram alunos em plantões.
Dez médicos e nove enfermeiros são os responsáveis pelo desvio da ética na cidade. Diz ainda, o não médico, que este tipo de trabalho está afetando a qualidade do atendimento à população.
Conforme o Estatuto dos Servidores Públicos, uma pessoa não pode trabalhar em um lugar e receber também um salário de outra fonte. Isto significa trabalhar em dois lugares diferentes ao mesmo tempo. É permitido: não trabalhar e receber integralmente o salário no final do mês, como também trabalhar ao mesmo tempo em Cuiabá e no Amazonas por exemplo. Ou exercer a mesma função e ter salários diferentes. Só não é permitido trabalhar no mesmo lugar, atendendo pacientes e monitorando os futuros médicos e enfermeiros em plantões da Prefeitura, recebendo por esta ação pequeno incentivo financeiro das Universidades.
Esquece o ilustre caçador de bandidos que todos os médicos da Prefeitura ganham um salário tão irrisório – cerca de oitocentos reais por mês, que para manter o serviço funcionando, a Secretaria de Saúde do Estado faz repasses financeiros mensais para o médico trabalhar no mesmo local, no mesmo período recebendo, portanto por duas fontes. O dia que o Governo do Estado retirar este incentivo, Cuiabá ficará sem médicos.
Para os que não conhecem como é feita a gestão da saúde pública, este repasse que os médicos recebem tem o sugestivo nome de “mensalinho”.
O mensalinho não faz parte da aposentadoria, e o dia em que o profissional de saúde não puder trabalhar por doença ou outro motivo justificável, ele perde esta gratificação.
Tenho um colega que já possui tempo e idade para se aposentar. Está com grave doença na próstata. Perguntei-lhe porque não se aposentava. Ele me respondeu dizendo que perderia o mensalinho, isto é, a bonificação que o Estado repassa para melhorar o salário do médico. Abatido pergunta-me: “- Como irei viver com oitocentos reais de aposentadoria depois de trinta e cinco anos de serviço público?”
Inúmeros contemporâneos meus sem condições de trabalho, Deus sabe como, comparecem aos postos de saúde pela segunda remuneração. Esquecidos pelas autoridades de saúde e políticos aguardam a morte física com a sua presença nesses locais. Mas o grande problema são os dez médicos e nove enfermeiros monitores descobertos pelas Organizações Tabajara. Os problemas da saúde desapareceram com esta descoberta.
Não sei por que estou me lembrando da história do meio: meio vigarista, meio ladrão, meio bandido, meio corrupto, meio pai, meio virgem, meio mentiroso, meio funcionário, meio justo e tantos outros meios. O vigilante da moral educacional deve procurar na lixeira onde se encontra a saúde pública em Mato-Grosso e Cuiabá para entender como funciona este serviço.
Receber por duas fontes para quem trabalha como médico ou enfermeiro assistente e professor, é crime. O ensino moderno na prática tem que ser realizado em serviço, especialmente na saúde, e nunca prejudicou a qualidade do trabalho oferecido. Pelo contrário, o que prejudica a qualidade é a falta de competência do gestor, o péssimo uso do recurso público e os salários miseráveis num regime ditatorial.
Segundo o denunciante, há irregularidades. O caminho é o Ministério Público para exigir que a Lei seja cumprida e não conviver com o ilícito até 31 de Janeiro de 2010.
Não existe meia lei. Ou é certo ou não. Belo exemplo de ética aos jovens universitários, funcionários e moradores desta meia cidade! Os problemas da Prefeitura na Saúde acabaram, garantem as Organizações Tabajara. Vamos continuar com a meia consulta e o mensalinho.
Meu querido Prefeito, o mensalinho acabou com a dignidade dos médicos e com a qualidade dos serviços por eles oferecidos. Pense em corrigir isto enquanto há tempo!
Seu vitalício eleitor cheio de dúvidas.
Gabriel Novis Neves
26 de Agosto de 2010
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