quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Até quando?

Oficialmente há sessenta dias estamos sem os serviços públicos de urgência e emergência. Inaceitável em uma capital de Estado rico e pólo de atendimento de um milhão de pessoas. E nada de objetivo se faz para resolver esta calamitosa e desumana situação. O salário humilhante de oitocentos reais pago aos médicos já chegou a mil e oitocentos reais por mês. Mas as condições mínimas para o exercício digno da medicina não existem.

A reforma física do nosso Pronto-Socorro ficará em torno de três milhões de reais. Só com a demolição do Verdão o Governo estadual gastará oitenta milhões de reais, segundo notícias da mídia. Para equipar o novo Pronto-Socorro estão estimados mais três milhões de reais. O projeto do novo estádio de futebol custou vinte milhões de reais ao tesouro público.

Dinheiro, o Governo está demonstrando que tem e de sobra. A pergunta que nos incomoda é: “porque não se trata os problemas da saúde como se trata os problemas do futebol?” Infelizmente tenho que acreditar que a saúde pública não é prioridade neste Estado.

A paciência da nossa pacata população está no limite. Se eu for destacar as tentativas governamentais para resolver este sério problema de saúde pública, mesmo a contra gosto entrarei na página do humor. Virou moda, nesta outrora briosa Cidade Verde, diante de um problema terceirizar o serviço. Já pertence à história o tempo do “morrer se possível” para se implantar uma civilização.

Houve uma tentativa de se entregar as obras do PAC ao Exército Brasileiro - que não aceitou. Com a crise da saúde, pensou-se em entregar ao judiciário a gerência dos problemas já que há muito as internações hospitalares e medicamentos aos pobres são funções da justiça. Com a ausência dos cirurgiões nos boxes do Pronto-Socorro, chamou-se uma empresa de saúde com nome de museu – MASP, do Rio Grande do Sul, totalmente desconhecida em Porto Alegre e conhecidíssima aqui.

A solução salvadora encontrada pelo Governo Estadual foi jogar o problema da urgência e emergência para o privado Hospital Geral Universitário (HGU). Outro hospital universitário do Governo Federal – Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), não aceitou a deferência governamental. O HGU nem pronto atendimento possui. O pronto socorro do HGU é o fechado e em crise, Pronto Socorro de Cuiabá.

Estou acreditando que o Governo Estadual gostou da idéia do MASP, e está criando o seu MASP em Cuiabá, que é o HGU. Não vai resolver o problema da população pobre. Na primeira semana da alternativa estadual, as estatísticas estão aí: desastre total. E o pior é a vaidade das autoridades em não admitir que erraram mais uma vez. Fizeram política partidária na saúde, e o resultado veio a galope.

Gabriel Novis Neves
04 de Novembro de 2009


* Também publicado no www.bar-do-bugre.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário