sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Constrangimento



É possível ser a favor e contra ao mesmo tempo? Parece pegadinha ou pergunta de louco, mas não é. Nesta semana de crise intensa na saúde pública a população de Cuiabá e Mato Grosso foi surpreendida pelo tumor que veio a furo. Entendeu que em política o sim e o não são sinônimos. Nada mais constrangedor que perguntar ao Presidente da República, Governadores e Prefeitos se eles repassam para a saúde os recursos determinados pela Constituição. A resposta é tão confusa que mais parece uma conversa do Caetano ou Gil.

Muitos preferem o termo saia-justa. São obrigados a mentir - falando sério - mas logo o detector de mentiras acusa a fraude. Aí, vem o jogo de empurra-empurra dos culpados em não cumprir as leis sem serem punidos. As justificativas são geniais: “Da minha parte fiz a tarefa de casa”, e os outros que se danem. Geralmente este texto é o preferido dos Governadores.

A verdade, segundo o jornal “Folha de São Paulo” de 14/02/2009, é que dos 27 governadores, 16 aplicaram menos que os 12% dos recursos obrigatórios na saúde. O que fazem os espertos governadores para tentar iludir a opinião pública? Incluem nas contas da saúde: tratamento de esgoto, plano de saúde dos funcionários estaduais, aposentadorias dos servidores da saúde, alimentação de presidiários e programas sociais estilo Bolsa-Família. Com isso tiram o dinheiro destinado para a construção de hospitais, compra de medicamentos de alto custo e ampliação da rede básica.

Em termos de Brasil são milhões de reais desviados da saúde. No Congresso existe um projeto de lei que define o que é investimento em saúde. Há muitos anos está parado porque, tanto o Governo Federal como os Estaduais e Municipais são contra. Os deputados federais e senadores na sua imensa maioria dependem das migalhas de agrados desses níveis de poder para a carreira que escolheram: a política. A crise na saúde é generalizada. É uma peste nacional. Como o Governo Federal dá o exemplo de não cumprir a lei, os Governos Estaduais e Municipais fazem o mesmo. Quem sofre com isso é a nossa população pobre e a corda acaba sempre arrebentando do lado mais fraco.

A população de Mato Grosso está morrendo à míngua e a grande caixa de ressonância desta incompetência é a nossa capital. Vejo diariamente tragédias acontecendo por absoluta insensibilidade dos nossos governantes. A situação é gravíssima! Não tenho nenhuma informação de caravanas indo à Brasília lutar por mais recursos para a saúde. Caravanas saem daqui com políticos importantes comandando o bloco para pressionar o Banco do Brasil a perdoar dívidas dos nossos abonados agricultores.

No caso da saúde os políticos se comportam como Pôncio Pilatos. O povo está morrendo por falta de uma política de saúde com financiamento constitucional e os culpados sempre são os pequenos funcionários públicos que ganham salários de oitocentos reais por mês.

Vamos fazer psicanálise senhores políticos para a cura da doença da omissão! E acabar com o delírio de perseguição projetado em quem não tem culpa. Não é possível não, ser a favor e contra ao mesmo tempo, tá? Libertem-se do constrangimento, falem a verdade ao povo e eles entenderão!


Gabriel Novis Neves
Cuiabá, 20/09/2009

Mafiosos e preguiçosos


Das leis inúteis, a do “menor esforço” e a do “Gerson”, são as mais eficientes. Ambas são utilizadas quando o fracasso aparece. Todas as vezes que fica visível a incompetência, a providência inicial é encontrar um culpado. Não pode ser escolhido qualquer um. De preferência frutos de árvores saudáveis apreciados pela população.

No caso da péssima saúde pública oferecida pelo governo procura-se sempre jogar pedras nos médicos. Isto já virou tradição, pois não é de hoje que a saúde no Brasil vai mal. Quando o insucesso é federal, o problema é de gestão, pois os recursos para a saúde são abundantes. Tanto é verdade que estão reinventando aquele imposto do cheque (CPMF).

Se o fracasso é estadual, os médicos são os mafiosos de branco colocando em risco a virgindade dos demais integrantes do governo ético, moderno e transparente. Na rede municipal, os médicos são os responsáveis pelo caos, porque não gostam de trabalhar e são preguiçosos. Se os médicos gostassem do trabalho, o problema da saúde estaria resolvido, afirma o Presidente das Organizações Tabajara.

Nos Estados Unidos da América do Norte, a saúde pública vai mal. Os custos operacionais de uma boa medicina são elevados e não porque os médicos são péssimos gestores, mafiosos ou preguiçosos. Medicina de qualidade exige investimentos, especialmente em recursos humanos, área em que o governo tem pavor de ouvir. Adoram inaugurar obras públicas de saúde inacabadas e com placas comemorativas. É a saúde pública das placas. Por aqui ninguém nunca pensou em um PAC da saúde.

Nos Estados Unidos, o Presidente da República assumiu a culpa pelo insucesso na saúde, e com a sua juventude e carisma, neste momento percorre o país pedindo ajuda da população para resolver o que ele considera o mais grave problema do seu governo. Os nossos governantes não conhecem o sofrimento que causa ao pobre, um sistema de saúde sucateado, pois jamais utilizaram dos seus serviços.

Obama declarou: “Se em quatro anos de mandato for resolvido o problema de saúde pública nos Estados Unidos que vêm desde a época de Abraham Lincoln, irei para casa com a consciência do dever cumprido e não disputarei a reeleição”.

Enquanto isso acontece no hemisfério norte, na terra das sanguessugas, todos os mentirosos incompetentes querem fazer da mentira, carreira política. Para isso se protegem, acham eles, jogando pedras em árvores saudáveis. Venho acompanhando pela imprensa, verdadeiras barbaridades dos únicos responsáveis pelo caos na saúde contra a classe médica sem exceção. A tentativa de tentar denegrir a imagem dos médicos é impressionante. Não se salva nenhum médico. Se alguém for médico as autoridades logo rotulam de mercenários.

Diferente do político que é aquele que nunca sabe de nada. Eis a grande diferença. Como seria bom para a sociedade se essas autoridades transitórias viessem a público e dissessem a verdade sobre os problemas da saúde. Agora, partir para estraçalhar a dignidade de todos os médicos com ameaças de assédio moral é imoral. A discussão tem que ser das condições de trabalho oferecidas pelo governo aos médicos, e claro que o problema passa obrigatoriamente pelo bolso dos trabalhadores de saúde. Se os médicos fossem preguiçosos ou não gostassem de trabalhar, com o salário indigno que recebem, todo o serviço de saúde pública estaria fechado.

Vamos à realidade: saúde é direito de todos e dever do estado. Está na Constituição Brasileira. Vamos resolver logo esta epidemia, que é pior do que a gripe suína, com a participação da sociedade que não agüenta mais sofrer. Façamos o desarmamento das vaidades e dos interesses políticos imediatos e vamos cuidar de salvar a vida dos pobres. Os médicos trabalham muito, por pouco.

Os gestores públicos, estes sim, na sua maioria têm pavor ao trabalho sem retorno político imediato e muitas vezes são totalmente despreparados para exercerem a função de Hipócrates.
Gabriel Novis Neves
12-09-2009

ESTAGIÁRIO DO PRONTO SOCORRO



Também fui estagiário do Pronto Socorro. Calma pessoal! Este fato aconteceu em 1958 no Pronto Socorro do Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, onde estudava medicina.

Antes do quinto ano de medicina o aluno poderia ser voluntário no hospital. Após terminar o quarto ano, enfrentava um difícil exame de seleção, onde muitos eram excluídos. Os aprovados eram nomeados, e tinham o seu nome publicado no Diário Oficial do Estado, enquadrados como acadêmicos de Medicina.

Além de ajudar no serviço de atendimento – urgência e emergência, aprendi muito e o melhor, tinha uma excelente remuneração. O único equipamento que levava para o pronto socorro era o uniforme. O hospital fornecia refeições e materiais para o trabalho.

O estudante de medicina era valorizado pelo poder público. Os tempos mudaram. O estágio, tão importante na formação do médico, é agora praticamente punido pelo poder público, o mesmo poder que irá depois aproveitar esse médico sem estágio, e contratar empresas especializadas para o seu treinamento.

Geralmente essas empresas pertencem à gente famosa, super qualificada e com muito bom relacionamento no poder. E o preço desses cursos é caríssimo, mas o sistema funciona assim e cada qual entende como quiser.

Implantei dois cursos de medicina em Cuiabá. O primeiro, na onda da novidade, tinha portões hospitalares não tão fortes para serem abertos aos alunos. Agora que esta escola é orgulho de Cuiabá, pois foi escolhida como a melhor em graduação do Brasil, a situação de dificuldade é bem alta.

A outra escola de medicina que implantei, é privada. Foi uma dureza conseguir estágio em hospitais de Cuiabá. Primeiro pela escassez física da rede pública que atende aos pobres. Segundo, não sei por quê.

Chegamos a ter alunos do último ano de medicina impossibilitados de continuar os seus estágios em Cuiabá, e fomos procurar socorro em Várzea Grande.

A luta continua, e desta vez parece que houve uma radicalização. Sou o responsável em contratar o médico da unidade de saúde para monitorar os alunos estagiários.

O aluno tem que aprender também como é o atendimento na rede pública do Estado. Não vejo nenhum ato ilícito nesta proposta que não é secreta. Como o salário do médico é tão indecente, às vezes esta atividade acadêmica o motiva a não abandonar o emprego.

É importante para a sociedade produzir bons médicos. Estagiário é investimento social. Sem educação em serviço não chegaremos a lugar algum. Todos os setores da sociedade estão disponíveis a este projeto.

Será que o nosso Professor-Prefeito não quer perceber este fato?

O que adianta oferecer cursinho pré-vestibular sem ônus, pagar bolsas a universitários e negar-lhe estágio?

Coisas de Cuiabá!

Gabriel Novis Neves
26 de Agosto de 2009

Organizações Tabajara


Foi com satisfação que li uma entrevista de importante autoridade de saúde de Cuiabá. Relata que a corrupção na cidade está banida. O herói que roubou o trabalho do Dr. Julier descobriu, através de dados das Organizações Tabajara, a existência de médicos e enfermeiros que monitoram alunos em plantões.

Dez médicos e nove enfermeiros são os responsáveis pelo desvio da ética na cidade. Diz ainda, o não médico, que este tipo de trabalho está afetando a qualidade do atendimento à população.

Conforme o Estatuto dos Servidores Públicos, uma pessoa não pode trabalhar em um lugar e receber também um salário de outra fonte. Isto significa trabalhar em dois lugares diferentes ao mesmo tempo. É permitido: não trabalhar e receber integralmente o salário no final do mês, como também trabalhar ao mesmo tempo em Cuiabá e no Amazonas por exemplo. Ou exercer a mesma função e ter salários diferentes. Só não é permitido trabalhar no mesmo lugar, atendendo pacientes e monitorando os futuros médicos e enfermeiros em plantões da Prefeitura, recebendo por esta ação pequeno incentivo financeiro das Universidades.

Esquece o ilustre caçador de bandidos que todos os médicos da Prefeitura ganham um salário tão irrisório – cerca de oitocentos reais por mês, que para manter o serviço funcionando, a Secretaria de Saúde do Estado faz repasses financeiros mensais para o médico trabalhar no mesmo local, no mesmo período recebendo, portanto por duas fontes. O dia que o Governo do Estado retirar este incentivo, Cuiabá ficará sem médicos.

Para os que não conhecem como é feita a gestão da saúde pública, este repasse que os médicos recebem tem o sugestivo nome de “mensalinho”.

O mensalinho não faz parte da aposentadoria, e o dia em que o profissional de saúde não puder trabalhar por doença ou outro motivo justificável, ele perde esta gratificação.

Tenho um colega que já possui tempo e idade para se aposentar. Está com grave doença na próstata. Perguntei-lhe porque não se aposentava. Ele me respondeu dizendo que perderia o mensalinho, isto é, a bonificação que o Estado repassa para melhorar o salário do médico. Abatido pergunta-me: “- Como irei viver com oitocentos reais de aposentadoria depois de trinta e cinco anos de serviço público?”

Inúmeros contemporâneos meus sem condições de trabalho, Deus sabe como, comparecem aos postos de saúde pela segunda remuneração. Esquecidos pelas autoridades de saúde e políticos aguardam a morte física com a sua presença nesses locais. Mas o grande problema são os dez médicos e nove enfermeiros monitores descobertos pelas Organizações Tabajara. Os problemas da saúde desapareceram com esta descoberta.

Não sei por que estou me lembrando da história do meio: meio vigarista, meio ladrão, meio bandido, meio corrupto, meio pai, meio virgem, meio mentiroso, meio funcionário, meio justo e tantos outros meios. O vigilante da moral educacional deve procurar na lixeira onde se encontra a saúde pública em Mato-Grosso e Cuiabá para entender como funciona este serviço.

Receber por duas fontes para quem trabalha como médico ou enfermeiro assistente e professor, é crime. O ensino moderno na prática tem que ser realizado em serviço, especialmente na saúde, e nunca prejudicou a qualidade do trabalho oferecido. Pelo contrário, o que prejudica a qualidade é a falta de competência do gestor, o péssimo uso do recurso público e os salários miseráveis num regime ditatorial.

Segundo o denunciante, há irregularidades. O caminho é o Ministério Público para exigir que a Lei seja cumprida e não conviver com o ilícito até 31 de Janeiro de 2010.

Não existe meia lei. Ou é certo ou não. Belo exemplo de ética aos jovens universitários, funcionários e moradores desta meia cidade! Os problemas da Prefeitura na Saúde acabaram, garantem as Organizações Tabajara. Vamos continuar com a meia consulta e o mensalinho.

Meu querido Prefeito, o mensalinho acabou com a dignidade dos médicos e com a qualidade dos serviços por eles oferecidos. Pense em corrigir isto enquanto há tempo!
Seu vitalício eleitor cheio de dúvidas.

Gabriel Novis Neves
26 de Agosto de 2010

Câncer de pele


Há muitos anos a comunidade científica mundial trabalha para produzir uma vacina ou medicamento contra o câncer.

Infelizmente ainda estamos distantes deste momento. O homem já conquistou a lua, países desenvolvidos como o Iraque desapareceram do mapa, as torres gêmeas não enfeitam mais Nova York, porém o câncer continua matando. A primeira causa de morte em crianças no mundo é o câncer infantil. Não existe ainda cura para esta doença. Às vezes prolongamento da vida.

Todo o Brasil acompanha emocionado a luta de doze anos do nosso vice-presidente. Parece-me que a medicina mais uma vez sairá derrotada neste confronto. Passei por esta situação e sei muito bem, como médico e marido, o que é o significado de uma célula não amiga fora da sua casa. Ela se aloja em regiões distantes e um dia resolve crescer. Aí é o fim.

Pois bem, aqui em Mato Grosso a Secretaria de Saúde do Estado, para denegrir ainda mais a imagem do médico, faz graça com o filtro solar importado que protege da morte os nossos homens e mulheres que no campo produzem riquezas (Jornal A Gazeta de 17 de julho de 2009-“Indústria Das Liminares”).

Mato Grosso foi construído por negros, mulatos, mestiços e índios. Depois que se viabilizou como Estado rico, com infra-estrutura educacional (UFMT), começamos a receber irmãos de todo o Brasil. Muitos vieram do sul maravilha: os famosos brancos de olhos azuis e sobrenomes europeus. Foram trabalhar na agricultura plantando especialmente soja. Os médicos passaram a prescrever para esses trabalhadores o mesmo protetor ou filtro solar que receitavam para os seus patrões e esposas.

O ilustre ex-Secretário de Administração de Sapezal é contra o uso de protetores importados para os trabalhadores rurais. O governo está gastando muito dinheiro com este filtro adquirido através de liminares. Para os patrões não há necessidade de liminares. É difícil acreditar que o órgão responsável pela saúde pública em nosso Estado seja a favor da não prevenção do câncer de pele. Até que ponto chegamos! Não há nem ao menos pudor com uma doença que mata e deixa muito sofrimento e tem que ser evitada. Para mim não será novidade se a Secretaria de Saúde comprar cigarros para distribuir nos seus postos de saúde.

Com este tipo de comportamento em pouco tempo o Estado ficará livre dos pacientes de alto custo e com este dinheiro construirá o novo Verdão que será Azulão. Tenham piedade dos nossos agricultores, trabalhadores rurais de cor branca e sobrenome europeu que operam em máquinas caríssimas e importadas! Eles não merecem morrer de câncer de pele.

Gabriel Novis Neves
20-07-2009

Acorda Mato Grosso!


São seis horas da manhã. Passo em frente ao Hospital de Olhos. Um enorme ônibus, destes em que o passageiro se aloja no segundo andar e é utilizado em viagens de longo percurso, encontra-se ali parado.

Na calçada inúmeras pessoas. Todas idosas, humildes, com ares de cansaço e sofrimento, carregando seus travesseiros, cobertores e outros pertences nas mãos. Aguardam o hospital privado iniciar o atendimento. Sendo um hospital dia, a noite fecha suas portas, geralmente, por volta das vinte e uma horas, após liberar os seus pacientes.

Observo a chegada de uma médica identificada pelo seu uniforme hipocratiano. É o símbolo de esperança para aquela gente silenciosa.

Prossigo na minha caminhada. Retorno pelo mesmo trajeto. A calçada do hospital está vazia. Todos os pacientes viajantes encontravam-se no interior do hospital.

Telefonei ao dono do hospital sobre a rotina daquela cena, antigamente com ambulâncias como meio de transporte e agora ônibus. Ele me informou que naquele dia foram realizadas, com sucesso, quarenta e quatro cirurgias de catarata. Continuou afirmando que a demanda reprimida no interior é enorme e que logo irei me acostumar com os ônibus.

Em Cuiabá a fila para cirurgia de catarata também é longa. Seria uma cena rotineira não fosse o atendimento em hospital privado.

O SUS não funciona em Mato Grosso? Fomos excluídos? Simplesmente não possuímos hospitais públicos. Esta pergunta precisa ser respondida pelas nossas autoridades.

Todos sabem que não funciona nada que é do governo. Ignoram, porém, o motivo. Ambulâncias não estão mais resolvendo o transporte de pacientes para Cuiabá, são utilizados agora ônibus, também privados.

Precisamos de ferrovias e estradas excelentes, “para melhorar a saúde da população do interior do Estado”. A que ponto chegamos! Os velhinhos e velhinhas com catarata, com quinze minutos de cirurgia, recuperam a visão e a dignidade. À noite estarão em suas casas levando de Cuiabá o que lhes faltava: solidariedade
No dia seguinte o ônibus voltará trazendo outros pacientes. Talvez para diálise renal. E assim vai passando o tempo, permanecendo a falta de humanidade para com esta gente.

Não há vontade política para minorar este sofrimento. Corações de mármore! Não deixem Cuiabá continuar a ser estacionamento de ambulâncias e ônibus de pacientes pobres! Façamos alguma coisa por essa gente que tanto nos ajudou a ser o estado campeão da produção de alimentos!

Eles não merecem o título de viverem no Estado campeão da falta de esperança.

Gabriel Novis Neves
17.06.
09

Alienação Total


A alienação nos tempos atuais não é esse bicho tão feio que nos pintam. Penso que até faz bem à saúde, especialmente a mental. 

A irracionalidade ocupou todos os pontos estratégicos dos caminhos para uma vida melhor. 

Perdemos os fundamentos básicos do bom senso. 

Há poucos dias as autoridades de saúde pública de Cuiabá, em ampla matéria divulgada e re-divulgada pela imprensa escrita, falada e televisada, diziam que a cota de exames para mamografias realizadas pelo SUS aqui na nossa cidade só é utilizada em 30%. 

A ociosidade chega, portanto a incríveis 70%. 

Chamam à atenção da população para a importância deste exame preventivo para combater o câncer da mama e alertam que o Ministério da Saúde baixou a idade das mulheres para o exame salvador, que era de cinqüenta anos, para quarenta. 

Lendo os jornais tomei conhecimento de uma campanha para a compra de um aparelho de mamografia para o Hospital do Câncer. Se temos uma grande ociosidade na utilização desse equipamento que na rede pública é de última geração, em condições normais de saúde mental não seria o caso de utilizar o excelente mamógrafo existente no SUS e, com os recursos da campanha adquirirem outros equipamentos inexistentes? 

São situações tão fáceis de serem equacionadas que só a alienação nos faz cometer erros tão graves como este. 

Melhorar a qualificação dos dedicados funcionários do hospital com treinamento contínuo, remuneração mais digna e oferecer melhores condições de trabalho aos seus médicos é uma conquista científica na luta contra esta doença, mais importante que a aquisição de mais uma máquina que ficará ociosa. 

Ou a máquina em um hospital especial, como é o Hospital do Câncer, é superior à dedicação dos seus profissionais?

O mundo hoje é dos alienados. 

Gabriel Novis Neves 
15-05-09