sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Mafiosos e preguiçosos


Das leis inúteis, a do “menor esforço” e a do “Gerson”, são as mais eficientes. Ambas são utilizadas quando o fracasso aparece. Todas as vezes que fica visível a incompetência, a providência inicial é encontrar um culpado. Não pode ser escolhido qualquer um. De preferência frutos de árvores saudáveis apreciados pela população.

No caso da péssima saúde pública oferecida pelo governo procura-se sempre jogar pedras nos médicos. Isto já virou tradição, pois não é de hoje que a saúde no Brasil vai mal. Quando o insucesso é federal, o problema é de gestão, pois os recursos para a saúde são abundantes. Tanto é verdade que estão reinventando aquele imposto do cheque (CPMF).

Se o fracasso é estadual, os médicos são os mafiosos de branco colocando em risco a virgindade dos demais integrantes do governo ético, moderno e transparente. Na rede municipal, os médicos são os responsáveis pelo caos, porque não gostam de trabalhar e são preguiçosos. Se os médicos gostassem do trabalho, o problema da saúde estaria resolvido, afirma o Presidente das Organizações Tabajara.

Nos Estados Unidos da América do Norte, a saúde pública vai mal. Os custos operacionais de uma boa medicina são elevados e não porque os médicos são péssimos gestores, mafiosos ou preguiçosos. Medicina de qualidade exige investimentos, especialmente em recursos humanos, área em que o governo tem pavor de ouvir. Adoram inaugurar obras públicas de saúde inacabadas e com placas comemorativas. É a saúde pública das placas. Por aqui ninguém nunca pensou em um PAC da saúde.

Nos Estados Unidos, o Presidente da República assumiu a culpa pelo insucesso na saúde, e com a sua juventude e carisma, neste momento percorre o país pedindo ajuda da população para resolver o que ele considera o mais grave problema do seu governo. Os nossos governantes não conhecem o sofrimento que causa ao pobre, um sistema de saúde sucateado, pois jamais utilizaram dos seus serviços.

Obama declarou: “Se em quatro anos de mandato for resolvido o problema de saúde pública nos Estados Unidos que vêm desde a época de Abraham Lincoln, irei para casa com a consciência do dever cumprido e não disputarei a reeleição”.

Enquanto isso acontece no hemisfério norte, na terra das sanguessugas, todos os mentirosos incompetentes querem fazer da mentira, carreira política. Para isso se protegem, acham eles, jogando pedras em árvores saudáveis. Venho acompanhando pela imprensa, verdadeiras barbaridades dos únicos responsáveis pelo caos na saúde contra a classe médica sem exceção. A tentativa de tentar denegrir a imagem dos médicos é impressionante. Não se salva nenhum médico. Se alguém for médico as autoridades logo rotulam de mercenários.

Diferente do político que é aquele que nunca sabe de nada. Eis a grande diferença. Como seria bom para a sociedade se essas autoridades transitórias viessem a público e dissessem a verdade sobre os problemas da saúde. Agora, partir para estraçalhar a dignidade de todos os médicos com ameaças de assédio moral é imoral. A discussão tem que ser das condições de trabalho oferecidas pelo governo aos médicos, e claro que o problema passa obrigatoriamente pelo bolso dos trabalhadores de saúde. Se os médicos fossem preguiçosos ou não gostassem de trabalhar, com o salário indigno que recebem, todo o serviço de saúde pública estaria fechado.

Vamos à realidade: saúde é direito de todos e dever do estado. Está na Constituição Brasileira. Vamos resolver logo esta epidemia, que é pior do que a gripe suína, com a participação da sociedade que não agüenta mais sofrer. Façamos o desarmamento das vaidades e dos interesses políticos imediatos e vamos cuidar de salvar a vida dos pobres. Os médicos trabalham muito, por pouco.

Os gestores públicos, estes sim, na sua maioria têm pavor ao trabalho sem retorno político imediato e muitas vezes são totalmente despreparados para exercerem a função de Hipócrates.
Gabriel Novis Neves
12-09-2009

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